Literatura

Resenha: “O Novo Horror” – Vários autores

É de conhecimento geral que eu adoro antologias nacionais de terror, mas que, na maioria das vezes, eu tenho problemas com alguns contos. É muito difícil encontrar uma antologia em que todas as histórias me agradem, mas também é gratificante demais quando isso acontece, como agora com O Novo Horror.

Por mais que eu já estivesse com esse livro por aqui há um tempo, decidi apenas agora, na maratona de Halloween, pegá-lo para ler. E o quão foi minha surpresa ao querer devorá-lo após dois meses de um fluxo quase parado de leituras. Mesmo que os contos não tenham conexão nenhuma um com o outro, eu me via ansiosa para lê-los em seguida, sem parar.

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Leia também: Anatomia das Sombras, de Vários autores

Título: O Novo Horror
Organizadores: Daniel Gruber e Irka Barrios 
Autoras e autores: Alê Garcia, Ana Lúcia Merege, Andrezza Postay, Bruno Ribeiro, Cláudia Lemes, Daniel Galera, Daniel Gruber, Gustavo Melo Czekster, Irka Barrios, Isabor Quintiere, Ismael Chaves, José Francisco Botelho, Juliane Vicente, Larissa Prado, Matheus Borges, Nikelen Witter, Oscar Nestarez, R. Tavares, Úrsula Antunes e Vitória Vozniak
Quantidade de páginas:
 256
O Grifo Editora
Gênero: Ficção / Terror / Horror / Contos
Ano: 2021
Skoob: Clique Aqui
Compre: O Grifo
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Minha classificação: ★★★★★ (5/5)
* Livro cedido pela editora

O novo horror é nacional e eu posso provar

A antologia O Novo Horror conta com a participação de 20 autores nacionais, cada um trazendo a sua própria essência para seu conto, seja na maneira de contar uma história ou, até mesmo, na forma de explorar o que denominamos de terror. Com um prefácio de brilhar os olhos, escrito pelo autor Antônio Xerxenesky, a obra consegue transformar temas habituais em momentos de tensão, desespero e agonia. Que combinação, hein!

Nesta antologia encontra-se os mais diferentes temas: um machucado que permeia por toda a vida, uma possível reconciliação entre irmãos, um almoço em família no feriado de Páscoa, uma suspeita sobre a avó, uma herança doentia de pai para filho, entre outros.

Há o debate sobre fanatismo religioso, racismo, pecado, redenção, culpa… Muitos assuntos são explorados aqui, de formas diferentes e únicas. Assim, também se presencia os mais diversos subgêneros, passando por gore, body horror, sobrenatural e suspense, alguns precisando até de um estômago mais forte para serem digeridos.

Por conta disso, o terror em O Novo Horror pode ser encontrado nas descrições, nas ações e na ambientação. A atmosfera pesada, que incomoda, permeia todas as 20 histórias, sendo quase impossível não sair impressionada pela mente de cada autor e autora e, ao mesmo tempo, desejando por mais dessas sensações.


“- Mas você veio aqui porque esta terra exige a redenção de todos, Raoni. E acredite, o nosso jeito é mais fácil do que o dela.”

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Com histórias pesadas, O Novo Horror surpreende a cada conto lido

Não é surpresa para ninguém que o terror nacional vem ganhando uma grande dimensão entre a Literatura e conquistando o espaço que sempre mereceu. As antologias mostram muito disso, pois reúnem autores conhecidos ou não e levam diferentes sensações para diferentes leitores.

Em O Novo Horror encontrei autores que eu já admirava, mas também conheci outros que quero acompanhar no futuro e em seus próximos trabalhos. Os debates e o choque que cada história trazem também foram um diferencial para mim, pois pude me ver com nojo, enjoada, chocada e apreensiva, o que, infelizmente, nem todo terror consegue extrair de mim.

Inclusive, aproveito para deixar aqui uma menção honrosa aos meus contos preferidos – e para dar um gostinho do que vocês irão encontrar neste livro: A Parte de Dentro, de Irka Barrios, que é um body horror que me deixou angustiada e sentindo na pele as sensações da protagonista; A Passagem, de Daniel Gruber, que trata sobre a reconciliação entre irmãos e o fanatismo religioso; Redenção, de Cláudia Lemes, o qual brinca com a sanidade de um riquinho metido a besta; Cordeiro de Deus, de Ismael Chaves, outro sobre fanatismo religioso e a toxidade de uma família doente; O Título é o Grito, de Nikelen Witter, que aborda a violência contra as mulheres; e Purificação, de Larissa Prado, sobre uma criança que começa a achar que a avó é uma bruxa e isso traz consequências irreparáveis.

Dito isso, devorei o livro em poucos dias e até me senti um pouco órfã ao final da leitura. Desejei por mais páginas dessas histórias, por mais um tempo tendo contato com as insanidade dos personagens. Ansiei por mais autores e quis explorar mais temas desde então. Por sorte, temos um segundo volume a vista, que já está em andamento pelo financiamento coletivo no Catarse. Você pode adquirir os dois volumes acessando aqui.

Por fim, as críticas sociais são fortes e impiedosas, o que me fez amar ainda mais o livro. O novo horror, que muitas pessoas classificam como sendo a nova leva de filmes como os do Jordan Peele, Robert Eggers e Ari Aster, se encontra perfeitamente frequente aqui e é feito com maestria, atingindo o seu objetivo ao ser brutal através do nosso cotidiano e das nossas vivências habituais.

Agora me diz, o que vocês mais gostam nesse novo horror? 💬


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