Literatura

Resenha: “Man On The Run: Paul McCartney nos anos 1970” – Tom Doyle

Uma das minhas metas para o ano passado era ler mais não-ficção. Man On The Run, por exemplo, estava na minha estante a mais de três anos, esperando ali a sua oportunidade para ser lido. Finalmente tomei coragem e o encarei, demorando dois meses para conclui-lo, mas sem arrependimento nenhum nessa jornada.

Paul é o meu Beatle favorito, mesmo que não seja o que mais consumo a carreira solo. Portanto, eu tinha muito para aprender, já que o livro foca exatamente no início de sua carreira solo, nas dificuldades para se manter um artista, nas loucuras com as drogas, na tentativa de criar uma nova banda e na relação com a Linda e seus filhos. E vou dizer, eu adorei cada momento.

Reprodução: Biblioteca Pessoal

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Título: Man On The Run
Paul McCartney nos anos 1970
Autor: Tom Doyle
Quantidade de páginas:
 352
Editora LeYa
Gênero:
 Não-Ficção / Biografia
Ano: 2014
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Minha classificação: ★★★★ (4/5)

Paul McCartney nos anos 1970

Que Paul McCartney fez parte da maior banda de rock de todos os tempos, isso é inquestionável. Mas como prosseguir com a sua carreira após o fim de tal sucesso grandioso e estrondoso? E pior: como fazer para não viver na sombra disso?

Man On The Run começará exatamente nesse ponto: a separação dos Beatles. E percorrerá por toda a década de 70, passando pelo abuso das drogas e seus momentos turbulentos e as incontáveis brigas com os ex-Beatles e os membros da Wings, sua nova banda. Com trechos de entrevistas mediadas pelo próprio Tom Doyle, conhecemos muito mais do íntimo e pessoal do Paul, inclusive de sua família e amigos.

A partir disso, nem só de sucessos e felicidades viveu McCartney. Logo com o rompimento dos Beatles, há o vazio que os ex-colegas deixaram e a depressão que o assola. Seguindo pela dificuldade de montar um novo grupo e o desejo incontrolável de sempre estar no controle, de quebrar as regras. Até chegar no momento em que um dos seus melhores amigos é assassinado.

Com isso, o livro pode ser considerado facilmente como uma carta aberta aos fãs sobre seus processos de criatividade, suas inspirações e até suas novas descobertas ao decorrer da década. Traz debates interessantes sobre como a velhice é vista no meio do rock e a reação do crescimento de novas subculturas em ascensão.

Reprodução: Biblioteca Pessoal

Man On The Run mostra as várias facetas de Paul, mas exagera no vitimismo

Eu fiquei extasiada em conhecer, pela primeira vez, o primeiro disco solo dele e a recepção nada boa, assim como também adorei saber sobre as dificuldades de se criar uma nova banda quando a antiga é um sucesso mundial. Eu me senti muito feliz lendo essa biografia, principalmente quando os outros beatles eram citados, mas, ao mesmo tempo, certas coisas me incomodaram demais.

Por exemplo, a maneira que mostra o Paul como um coitadinho após o final dos Beatles e o restante do grupo como os vilões. É claro que todas as bandas têm suas brigas, e nós fãs sabemos muito bem das deles, mas todo lado tem sua parcela de erro e colocar o Paul como o único que estava sofrendo com toda a situação foi, no mínimo, revoltante. Colocaram ele como coitadinho no início para depois o mostrarem como um rockeiro rebelde que não seguia as regras e só pensava em si mesmo, sempre individualista, um contraponto que não funcionou bem pra mim.

É claro que todos nós somos duais, cinzas, com altos e baixos, e é compreensível para mim um Paul que é emotivo, mas, ao mesmo tempo, alguém que quer chamar a atenção para si. Só achei que certas partes não foram de bom gosto com os demais Beatles, mesmo que a biografia mostre somente o lado do Paul. Faltou um pouco de senso, sim, do autor.


Reprodução: Biblioteca Pessoal

Mesmo assim, Man On The Run ainda se mostra uma excelente e completa biografia

Tirando essa questão, que tentei relevar, a biografia em si é muito boa, pois foca com precisão na década de 70 e nos ambienta muito bem em cada ano. Eu realmente me vi ali no meio das brigas, das bagunças e das histórias engraçadas. Além disso, também me fez ter uma nova visão das músicas através dos detalhes sobre o processo de criação dos álbuns.

Ademais, gostei também da mescla entre texto corrido, de narração, e pedaços de entrevistas com o Paul, a Linda e outras pessoas importantes. Isso agregou demais na credibilidade daquelas palavras e me fez sentir ainda mais próxima de cada um. Descobri muita coisa que eu não sabia, que é exatamente o que busco ao ler biografias de artistas que admiro.

Por isso, acredito que essa biografia se torna válida para os fãs do cantor, principalmente os mais estudiosos e curiosos que gostam de saber detalhe por detalhe de cada ano vivido pelo artista preferido. Aproveito para deixar a dica de um documentário que complementará a experiência: McCartney 3,2,1, da Star+, que também aborda a criação por trás dos sucessos do cantor (e dos Beatles).

Vocês também gostam de ler biografias? 💬


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