Resenha: “Histórias Assustadoras Para Contar à Noite” – Vários autores

Estava em uma ressaca literária, sem saber o que ler em seguida. Tinha feito uma compra naquela promoção de aniversário do Pipoca e Nanquim e calhou do meu pacote chegar logo nesse momento. Então, peguei Histórias Assustadoras Para Contar à Noite, o mais fino, e comecei a ler.

O quão grande foi a minha surpresa que logo no primeiro conto desse livro eu já me senti arrebatada, chocada e com aquele sentimento gostoso de medo, esperançosa para que o livro me levasse por histórias que eu fosse adorar ter contato. E bem, o livro serviu muito com o seu propósito. Eu comecei lendo dois contos por dia, mas, no final, devorei os quatro últimos de uma vez só.

“E se as casas fossem como pessoas? E se elas se machucassem, e se fossem cheias daquelas emoções complicadas que as pessoas carregam dentro de si?”

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Histórias assustadoras para contar na beira de fogueiras

Histórias assustadoras para contar à noite sobre… criaturas que deveriam existir apenas em lendas, monstros feitos em casa, fantasmas assustadores, tigres raivosos, natais assombrados, espíritos vingativos, zumbis de entes queridos, mais alguns fantasmas (agora presos aos seus lugares), desenhos realistas demais e travessuras que precisam de um castigo.

Entre isso, crianças corajosas, crianças medrosas, crianças que precisam aprender uma lição e crianças assustadoras; adultos com decisões questionáveis e até bizarras, adultos com sede de vingança, adultos que brincam de Deus.

Aqui, 10 histórias curtas de terror embalam este livro. As narrativas versam sobre medo, maligno, obscuridade e horror, trazendo também ilustrações macabras e belíssimas que são uma inclusão perfeita para a edição, pois casam perfeitamente com o assustador de cada história (e eu ficava ansiosa para virar as páginas e encontrá-las).

“(…)existem coisas que podem deixar uma pessoa tão arrasada, por tanto tempo, que simplesmente não podem ser admitidas; há alguns tipos de dores que não se pode aturar que sejam trazidas ao mundo.”

Histórias Assustadoras Para Contar à Noite diverte, mas também estremece nossos piores pesadelos

Por serem contos curtos, temos a sensação de lermos rápido, então é bem fácil de encaixar na rotina do dia a dia e de lê-lo com certa rapidez. Eu queria, no começo, lê-lo devagar para poder apreciar cada conto em seu devido tempo e respeito. Mas chegou um momento que eu só queria ler logo tudo de uma vez e me deixar entrar no pânico que o livro sugeria – e conseguiu causar em mim.

Pânico porque eu não queria sentir medo e pânico porque o livro se propõe exatamente a isso: a incitar os seus maiores pesadelos, seja de quando era criança (quando tinha medo do Papai Noel ou de ir no banheiro da escola), seja de quando é adulto (ser rejeitado e trocado pela pessoa que ama ou querer trazer de volta dos mortos o único amor da sua vida).

Os contos trazem temas diferentes e isso também é um lado bastante positivo, pois não fica repetitivo e nem chato, funcionando assim para fãs de todos os gostos. Inclusive, havia histórias que conseguiam até mesmo me tirar risadas, o que em nenhum momento diminuiu a tensão da narrativa ou a curiosidade pelo o que poderia acontecer de ruim; outras já mexeram comigo de uma forma intensa e incômoda.

Por isso, acho que o livro foi tão assertivo, pois trouxe uma dezena de contos diversos, com escritas diferentes e medos que se contrapõem. A maioria dos autores eu ainda não conhecia, mas fiquei com vontade de procurar por suas obras mais longas e apreciá-las, passando mais tempo, assim, com suas narrativas particulares.

Uma antologia para ser lida entre amigos e à beira de fogueiras

Histórias Assustadoras Para Contar à Noite foi um livro que me agradou bastante. Meus três contos preferidos me arrepiaram e me deixaram com um pouco de medo do obscuro e da própria humanidade, foram eles: Clique-claque, o saco de chocalho, de Neil Gaiman; O sorriso da vovó, de Robert Shearman; e A chaminé, de Ramsy Campbell.

Porém, a única decepção que tive aqui foi com o conto do Stephen King, meu autor preferido, que não consegue muito me envolver em suas narrativas mais curtas. Não tive uma boa experiência com a maioria dos contos de sua coletânea O Bazar dos Sonhos Ruins, e agora também com seu conto Aqui Há Tigres (mas isso é extremamente especial, pois sempre espero o ápice em todas as histórias do King).

No geral, é um livro que fiquei muito feliz de ter dado essa chance e de conhecê-lo, principalmente pelo contato com novos autores e novas visões do terror. Sendo assim, é uma obra que recomendarei para todos os leitores do gênero, independentemente de qual seja o seu maior pesadelo.

Vocês também gostam de histórias que brincam com nossos medos? 💬

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