TR3S é uma obra que aborda três gerações de mulheres, com um pano de fundo forte pautado em bruxaria e lendas. A noveleta ganhou, no ano passado, o IV Prêmio Aberst de Literatura na Categoria Curta de Suspense.

Essa obra está em financiamento coletivo no Catarse, nos seus últimos dias de vida. Com quase 150% da meta, TR3S está perto de bater as metas estendidas para gerar ainda mais brindes e imersão aos leitores. Você pode apoiá-lo clicando aqui. Espero que não perca a oportunidade de tê-lo em casa após terminar a leitura dessa resenha.

“Nós somos feitos de fantasmas.”

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Três eras, três poderes, três mulheres

Vila Tria é uma pequena cidade repleta de lendas e segredos, sendo o maior e o mais misterioso deles ligado a um lago. A lenda das mulheres no lago retrata duas mulheres de idades distintas: uma delas assombra o interior das águas agitadas e a outra, junto com seus cachorros, escolhe o destino de quem ousar adentrar a floresta.

Entretanto, lendas são apenas lendas, não é? Ou ao menos eram para ser. Vila Tria é composta por cidadãos católicos fervorosos, o que resultou no século passado em um julgamento de três gerações de mulheres – avó, filha e neta – e o assassinato de uma delas, julgando-as como bruxas. Mas como um passado banhado de sangue e terror poderá interferir no futuro de uma cidadezinha? E o quanto essas lendas podem ter de veracidade?

Ulisses, após voltar para Vila Tria por conta da morte de sua avó, tem como objetivo escrever um livro sobre a morte de seu irmão mais novo que o abalou profundamente anos atrás. Através dessa determinação por pistas, o seu destino irá esbarrar em Hera, uma mulher que nunca saiu da cidadezinha e que a conhece muito bem por causa das histórias da avó, e também na lenda das mulheres do lago.

“O número três, a constante. Três faces: menina, mulher, velha. Três fases da lua: crescente, cheia, minguante. Três tempos: passado, presente e futuro. Três condições, três destinos, três caminhos. Uma, duas, três vezes três.”

TR3S é assustadoramente poderoso e feminino, trazendo um pedaço de cada bruxa que há em nós

Ler terror é sempre gratificante para mim, já que esse é o meu gênero preferido. Encontrar obras nacionais de terror que me agradam me deixa imensamente feliz, mas, ainda assim, não se compara quando leio mulheres que escrevem belamente o gênero. Posso dizer que esse sim é o meu ponto fraco, o ponto máximo, o êxtase das leituras.

Conhecer a escrita das Larissas, tanto separadamente como também em conjunto, e voltar para essa zona de conforto que tanto me abraça é surpreendentemente inovador. Eu já havia lido suas obras solos e gostado bastante, mas não sabia que poderia ficar ainda melhor com as duas criando algo juntas. Elas simplesmente misturaram características certeiras e que, particularmente, eu adoro: bruxaria, poder feminino e gerações.

Nisso, mesmo sendo um conto relativamente curto, a leitura é daquelas que você não quer terminar. É claro que a curiosidade predomina todas as sensações, mas a história é tão boa e os personagens são tão bem construídos e cheios de camadas e traumas que temos vontade de ficar ali para sempre, apenas observando-os e vendo como será o futuro depois de um desfecho tão brusco, chocante e agridoce.

Você se importa com Hera e Ulisses e cria uma conexão com ambos, assim como, ao mesmo tempo, você também tem vontade de se conectar e saber mais sobre a geração das três mulheres que foram acusadas de bruxaria há quase um século. Há tensão, questionamentos, momentos sombrios e respostas intragáveis, um combo perfeito para uma história de terror.

Com isso, TR3S é um conto que brinca com a sanidade dos personagens e também dos leitores. Ficamos ávidos por respostas, com a curiosidade nos consumindo cada vez mais, não querendo parar a leitura até que todas as dúvidas sejam sanadas. Com uma atmosfera fria e de grande mistério, TR3S consegue ganhar o coração dos leitores do gênero.

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